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Vigorexia: em busca do corpo perfeito

26/08/2022
Créditos de imagem: CAA/RS - Divulgação
Desde a Grécia Antiga, as figuras dos deuses da beleza sinalizam algo quase óbvio: a sociedade estabelece um estereótipo de beleza que é seguido e cultuado. Logicamente, o padrão estético varia de tempos em tempos, de acordo com cada local, cultura e período histórico. Entretanto, atualmente, na era da tecnologia a ideia de 'corpo ideal' parece ser mais abrangente e mais disseminada, fenômeno que possivelmente é potencializado pelas mídias sociais, onde a aparência é concebida como sinônimo de sucesso, saúde e determinação.

Nenhum problema em cuidar da autoimagem. Pelo contrário, estar satisfeito com a forma como se enxerga no espelho pode ajudar a melhorar a autoestima e a autoconfiança. Todavia, a supervalorização da aparência pode gerar danos à saúde. A pressão para alcançar o inalcançável atinge todas as classes sociais, gêneros e faixas etárias, gerando frustrações que refletem no maior índice de: consumo indiscriminado de medicamentos, uso de drogas, incluindo anabolizantes (falamos disso aqui https://bit.ly/3xr6HSx), cirurgias estéticas e transtornos mentais, incluindo os transtornos alimentares (falamos disso aqui https://bit.ly/2JMsTkb).

Entre os transtornos psiquiátricos que podem surgir como consequência da busca desenfreada pelo corpo perfeito, está a vigorexia (também chamada de "bigorexia", "megarexia", "dismorfia muscular" ou "anorexia reversa"). Se trata de um tipo de dismorfia corporal que tem como característica principal a distorção da imagem corporal e a crença delirante de que o corpo é insuficientemente musculoso e magro. Entretanto, na maioria dos casos, a constituição corporal dos indivíduos com vigorexia é normal ou mesmo excepcionalmente musculosa. Esse transtorno ocorre predominantemente com homens e geralmente surge na adolescência, levando o indivíduo a adotar uma rotina de exercícios físicos intensa (geralmente com dependência e compulsão por exercícios físicos), juntamente com dietas extremas, muitas vezes, associadas ao uso de drogas e substâncias, como esteroides anabolizantes (falamos disso aqui https://bit.ly/3xr6HSx), o que pode agravar ainda mais o quadro.

As consequências desse transtorno envolvem danos na integridade corporal, como miastenia (doença autoimune em que a comunicação entre os nervos e os músculos é afetada, produzindo episódios de fraqueza muscular), fadiga excessiva e distúrbios do sono, isolamento social, baixa autoestima, ansiedade, agressividade, depressão e sofrimento intenso. Pacientes com vigorexia raramente buscam tratamento, quando procuram ajuda especializada, geralmente isso é decorrente dos sintomas potencializados pela vigorexia, ou, estimulado por terceiros e não pela condição em si. Isso é decorrente do juízo crítico prejudicado, o que dificulta o reconhecimento da própria condição patológica.

Nota-se que a dismorfia muscular é especialmente difícil de identificar, pois os comportamentos observados são aparentemente saudáveis e amplamente aceitos socialmente. Entretanto, ao invés dos benefícios esperados com a prática de atividade física e alimentação saudável, o comportamento de vigorexia supera os resultados positivos, causando danos à saúde física e mental. O tratamento é multidisciplinar envolvendo farmacoterapia, psicoterapia, redirecionamento da prática de exercícios físicos e reeducação alimentar, visando, principalmente, o bem-estar e a aceitação de si mesmo, independente de fatores externos.

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Artigo do psicólogo Felipe Ornell 

Créditos de imagem: CAA/RS - Divulgação
Fonte: CAA/RS

Referências

Alencar, A. S., Nascimento, L., Soares, C. F., Beserra, M., & Brito, N. L. (2021). Vigorexy: A danger in the search of the ideal body. The International journal of social psychiatry, 67(1), 96–97.

Atkinson Michael, challenging myths of masculinity: understanding physical cultures. Fem. Psychol. 2015;26(2):235–239.

Phillips K.A. Understanding body Dysmorphic disorder: an essential guide. 2009; 4: 50–54

Leone J., Sedory† E.J., Gray K.A. Recognition and treatment of muscle Dysmorphia and related body image disorders. J. Athl. Train. 2005;40(4):352–359. 

Jorquera V. Challenging myths of masculinity: understanding physical cultures Lee F Monaghan and Michael Atkinson Monaghan Lee F and
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